Eu O Poeta Suicida

Os papéis tem sido a marreta

para quebrar esse concreto.

Tem sido gelo, inverno

e o pouco fogo produzido

que nem o primeiro lume se ateia

nem tão pouco incendeia.

Nem servirá esta pequena chama

para aquecer-me do frio

porque desde que esses papéis taciturnos

de todo emudeceu e o silêncio

que aqui imperou, olho expressivamente

para o espelho - indago,

estribucho esses papéis -

que não querem nada me falar

e que este silêncio tende a me atormentar.

Os papéis tem sido o lugar

onde transponho minha imaginação

para resvalar por ele toda a tristeza

que escorre pela minha alma.

Tem sido cada palavra dessa

- o tiro suicida - .

A arma que eu me mato, a mão vil que dispara

Sente o pulsar da última batida- a última palavra-.

Que proferes este tiro a quem mata-se

a quem morto vivia.

Tem sido essas palavras o esvaziar da minha alma

- a alma perdida-

-a perfídia da vida-

-esta alma sofrida-

...

o que vale a vida se esta está perdida?

...

que nos desvãos da vida O infeliz

nunca soubera se quer o que era o Amor

e por isso é que pisa nas suas próprias feridas

Sangra com um punhal contra seu peito

e sente que nele há muitos espinhos encravados

Muitos cravos que espinham a flor

Que brota, onde as pedras a sufocam

e antes que do pêndulo a flor se solte

Vem a ave de rapina que a arranca

da sua raiz de um salto.

Camila Arruda
Enviado por Camila Arruda em 23/10/2013
Reeditado em 27/02/2014
Código do texto: T4538223
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