O pescador, sua dor e seu amor pelos rios

A irrigação vem do alto.

O asfalto fica embaixo

onde vivem as vidas dependentes

do bom tempo ou do tempo ruim.

Este poema foca as artérias

que descem das serras,

lá do Peru,

no caso do Amazonas

e da canastra,

mãe do Velho Chico.

São Francisco foi só doação.

O Rio das Contas

-faça as contas-

Paraguaçu, Joanes, Jacuípe,

dentre outros, também fundamentais,

mas que jamais vão ter valor,

a não ser quando o fedor,

oriundo do pacto de morte dos peixes,

profundo, invadir nossas narinas.

São nascentes na Chapada

Diamantina,

uma menina baiana ainda pura

e insegura

porque não transmitimos

segurança alguma

nem para ela

e nem para quem espera

um pouco mais de responsabilidade

da nossa parte.

Somos os irresponsáveis

responsáveis pela degradação.

Pesquisamos do colesterol

mas não sabemos pedir perdão.

Somos o anão da terra do nunca

e que nunca vai crescer.

Se é a artéria quem irriga

e é a veia quem devolve o sangue

ao coração

para novamente o oxigenar

como sonhar que os nossos rios

irão sobreviver?

O Tietê já foi objeto de prazer.

-Aos amantes da natureza

e aos apaixonados pela Chapada.