vasculhante
como as badaladas da meia-noite
meu coração está triste e olha o teto
entra no meu quarto uma mariposa
aproveitando o vasculhante aberto
na cabeça brota a ideia louca
de se pudesse ir nas asas desse inseto
e pousar onde ele do seu voo pousa
talvez um jardim de ambiente mais quieto
e ali esquecer que a vida é uma cousa
vã, obscura e por demais incerta
mas a mariposa bate no ventilador
corta sua asa e faz forçado pouso
na escrivaninha onde ponho
meus versos dentro de uma gaveta
e esses meus versos são de dor
que a gente vive, sofre, mas não confessa...