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Houve um Dia


Houve um dia
Em que nossos olhares se cruzavam
Com inocência e alegria.
Estar presente era vital,
Essencial
E não estar, inconcebível...

Houve um tempo
Em que não existiam
Essa distância,
Essa falta de esperança,
Essa impaciência
Nada santa...

Hoje, esse riso sofrível,
Esse olhar atravessado,
Essa boca sussurrante
A gritar
Que nada, jamais,
Será como antes,

Pois quando o brilho é ofuscado,
Morre tudo aquilo
Que tinha valor
E que deveria ter sido guardado!

Morrem os dias,
Não nascem as manhãs,
Morrem o respeito, as lembranças, 
Quebram-se as alianças,
E tudo é recoberto
(Sem o menor apelo)
Por uma densa camada intrasponível
De puro gelo,
Para o qual não há verão...

E nem veremos mais a mesma velha união,
Desde que a distância se criou
(Ou foi criada?)
Causando uma bifurcação na estrada
Que leva a caminhos divergentes,
Cada vez mais distantes...

E a cada dia,
Estamos mais descontentes,
Somos menos gente,
Mas mantemos o sorriso e a indiferença,
Para que o outro não perceba
Que no fundo, nós ligamos.

-Afinal,
É preciso ser forte,
Ser frio, ser indiferente,
Até que mais alguém morra,
Pois só mesmo a morte
Para nos lembrar de tudo
Que realmente é importante...



 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 03/12/2013
Reeditado em 03/12/2013
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