Poesia de um cara com distúrbio psiquiátrico de ansiedade.
A primeira vez que ele a viu, na cabeça dele ficou tudo muito quieto
Todos os tiques, as imagens que se atualizavam constantemente
Apenas sumiram.
Quando tinha transtorno obsessivo compulsivo
Ele realmente não conseguia momentos de quietudes.
Até na cama ele pensava:
-Tranquei a porta? - Sim
-Apaguei as luzes? -Sim
Mas quando ele a viu, a única coisa que ele podia pensar
Era a curva de seus lábios ou cílio na bochecha dela.
Ele sabia que tinha que falar com ela.
E a convidou pra sair umas seis vezes em trinta segundos.
Ela disse sim na terceira vez, mas nenhuma pareceu certa.
Mas mesmo assim ele continuou.
E no primeiro encontro, ele passou mais tempo
organizando sua comida por cor do que comendo, ou falando com ela
Mas ela, amou.
Ela amou quando ele deu um beijo de boa noite nela
Dezesseis vezes.
Ela amou ter demorado uma eternidade pra chegar em casa
Porque havia muitas rachaduras na calçada.
Quando foram morar juntos, ela disse que se sentia segura
Como se ninguém fosse os roubar.
Porque ele com certeza trancava a porta dezoito vezes.
Ele sempre olhava pra boca dela quando ela falava
Que o amava, enquanto sorria.
A noite ela deitava na cama e o assistia
Desligar e ligar, ligar e desligar todas a luzes.
Ela fechava os olhos e imaginava que dias e noites
Se passavam em sua frente.
Em algumas manhãs, ele dava beijos de tchau nela
Mas ela ia embora pois ele estava atrasando ela pro trabalho
Quando ele parava em frente à uma rachadura na calçada
Ela continuava andando.
Quando ela dizia que o amava, ela não sorria mais.
Ela disse que ele estava tomando muito o tempo dela.
Passou uma semana dormindo na casa de sua mãe.
E disse que não devia ter deixado ele se aproximar dela
Que tudo isso foi um erro.
Mas como pode ser um erro, se ele não tinha que lavar as mãos
Depois de toca-la?
Estava mantando ele, que ela conseguia correr disso e ele não.
Ele não conseguia sair de casa e achar alguém novo
Porque ele sempre pensava nela.
Normalmente, quando ele se obceca por algo
Ele via germes entrando em sua pele.
Mas ela foi a primeira coisa bonica que o deixou preso.
Ele só quer acordar de manhã pensando no jeito
Que ela segurava o volante.
E como ela abre o registro do chuveiro
Como se fosse o de um cofre.
O jeito que ela apagava as velas.
Agora, ele só pensa em quem esta beijando ela.
Ele não consegue respirar, porque o cara só a beija uma vez.
E o cara não se importa se é perfeito.
Ele a quer tanto de volta
Que ele deixa a porta destrancada e as luzes ligadas.