DESGÊNESE

Amarrei os cadarços

Olhei para os lados,

Sequei os olhos,

Mas não vi poesia

- Vivo já distante do tempo

Em que tanto mais tormento

Tanto mais se escrevia -

Mãos aos sapatos sujos

Fujo com elas da escrita,

Assim também boca exaurida

Já curvada em seus cantos

- Por sorrisos e por gritos

De amores diluídos

Na aurora dos meus prantos -

Não quero esses sonhos

Que desfalecem na manhã

Não contemplem minhas cãs

A vigília dos dissabores!

- De café, mais um lance,

Acordado, não descanse,

Língua silente em tremores! -

“Vai ser diferente” me parece

Uma oração igual

Ansiolítica natural

Para um engano que tecemos...

Sugiro: a descrença da "verdade";

Dos fins, a incrédula sinceridade

E que em silêncio comecemos.