CREEP
Sinto pesar quando vejo que o chão não fica limpo
Pesar doído, amargurado
Feito de lembranças perfumadas de odor genérico
Sintético de flores silvestres ou bumbum de bebê
Casa da vó, casa da mãe, perfume de infância
Cheiros estranhos invadem minhas narinas
Com motivações violadoras
Acres de tons amarelos
Cheiros obscuros de purgatório
Qual a penitência?
Como me parece disfuncional essa chão sujo
Granulado de memórias e medos
Monstro frio e branco que me atormenta os sonhos
Tão pequeno sou
Perto daquilo tudo que você representa
Vermes de vontades alheias rastejam
Inerentes a tudo
O que veio antes e o que vem depois.
Grandiosos grilhões apesar da pequenez de seus corpos
Amarelam, obscurecem, maculam a morada de meus pés
Ameaças escondidas de disenteria e febre
Que homem caminha bem
Sem confiar onde pisa?
Vermes mimados donos do mundo
Meio mundo a mais que eu
Que sempre me sinto mal
Quando o chão está sujo.