CREEP

Sinto pesar quando vejo que o chão não fica limpo

Pesar doído, amargurado

Feito de lembranças perfumadas de odor genérico

Sintético de flores silvestres ou bumbum de bebê

Casa da vó, casa da mãe, perfume de infância

Cheiros estranhos invadem minhas narinas

Com motivações violadoras

Acres de tons amarelos

Cheiros obscuros de purgatório

Qual a penitência?

Como me parece disfuncional essa chão sujo

Granulado de memórias e medos

Monstro frio e branco que me atormenta os sonhos

Tão pequeno sou

Perto daquilo tudo que você representa

Vermes de vontades alheias rastejam

Inerentes a tudo

O que veio antes e o que vem depois.

Grandiosos grilhões apesar da pequenez de seus corpos

Amarelam, obscurecem, maculam a morada de meus pés

Ameaças escondidas de disenteria e febre

Que homem caminha bem

Sem confiar onde pisa?

Vermes mimados donos do mundo

Meio mundo a mais que eu

Que sempre me sinto mal

Quando o chão está sujo.

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 19/03/2014
Código do texto: T4735381
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