O que seria do um se não fosse o outro?
O que seria o tudo se não fosse o nada?
O que seria da vida se não fosse a morte?
O que seria a altura se não fosse a escada?
O que seria da razão se não fosse a sorte?
O que seria lá dentro se não houvesse entrada?
O que seria bonito no dia se não houvesse noite?
O que a luz esconde de tão importante
Que na escuridão vem a tona nos olhos?
O que a escuridão traz, não obstante
Que contamina com tristeza todos os povos?
Por que tememos o desconhecido?
Por que não soltamos a voz?
O que seria do infinito
Se só existisse nós?
O homem pensa,
As balas saem,
A veia pulsa.
Não pulsa mais.
Da música intensa
As lágrimas caem
O vento ulula.
Ulula ainda mais.
O que seria do vento se não fosse o pensamento?
O que seria do amigo se não fosse o rival?
O que seria da gozo se não fosse o sofrimento?
O que seria do sábio se ninguém fosse animal?
Porque ainda existe gente
Querendo nos derrubar?
Porque não existem mentes
Tentando ao menos pensar?
Porque quem pensa,
Acaba amando.
Quem ama,
para de pensar.
O que seria da alegria se não fosse a tristeza?
O que seria bonito na noite se não houvesse dia?
O que seria da força se não fosse a sutileza?
O que seria do poeta se não fosse a alegria?