CRIANÇA MENDIGA
É pelos olhos fúnebres
E fundos
Que se revela a fome canina
Por não ter alguém que te dê, de comer
É pelos seus pés descalços e poeirentos
Que aos olhos meus,
Lágrimas se rolam
Pela dor que à ti te atormenta
E a mim também
Por não saber onde tirar a água que sacie a sua sede
Por não teres onde te abrigares
Porque carente de tecto tu és,
Oh! Anjo pequeno, tu que ainda por muito tempo não viveste…
É consigo que a tristeza já reside
E já comeste o pão que o diabo amassou
Oh! Gente de palmo e meio
É a vós que se devia dar afeição e o carinho,
Mas mal vos tem sido dada.
Oh! Que mundo enigmático
Que tu e eu residimos!