Suicida
Estou cansado
Dessas vozes
Altas e amarguradas
Mesquinhas e injustas
Dessas vontades obscuras
Interessadas egoístas e impuras
De um dar que quer de volta
De uma saudade que domina
E que não deixa a vida acontecer
E dessas vidas que me cercam
Me sufocam e me sujam
De sentimentos de revolta e amargura
Cansei dessa sua covardia
Simpatia com o que é fácil
O que é triste
Esse arrastar de entulhos
Tanto ferro velho alimentando
Sua alma de anemia
Estou morrendo
Envelhecendo aos pouquinhos
Muito mais do que deveria
Com meus vinte aninhos
Entalado, engasgado
Com um grito que vem de dentro
Que não sai
Dói demais
Olhar nos seus olhos
E dizer adeus