Dias a menos

Em plácido recanto, repouso inquieto,

Catre mórbido se faz labor,

Torvelinho de angústia a inflamar o peito,

Angustas teses, tempo desperdiçado!

Sórdido encanto desaba a face,

Sem mais, atônito, contemplo o nada,

O chão se faz esteira, o depois se faz rotina,

Olhos vitrais opacos e a vida uma cadeia!

Dias, mais dias, menos dias!

Noites, mais noites, longas noites!

Mais do mesmo, céu e sol despercebidos,

Em tudo, massa disforme.

Do útero à tumba;

Da escuridão ao claustro;

Do entorno que nutre, ao chão que o putrefato absorve;

Da luz primeva ao nascer, à última imagem fixada antes de morrer!

Rápido, o que foi deixou de ser,

O certo se prostra no vazio,

De instante em instante moribundo,

Décadas em segundos!

E a vida, interlúdio,

Esmagada, atarefada, atrasada!

No rastro do porvir, o passado, olvidado,

O presente, relegado!

Leandro Barreto Bortowski
Enviado por Leandro Barreto Bortowski em 07/07/2014
Código do texto: T4873586
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