A F.D.P. ...............

Ary Bueno [ O Príncipe dos poemas e do amor ]

Estava eu sentado na praça, em um dos velhos bancos

Meus dedos passeavam pelo meus ralos cabelos brancos

Via uma menina, correndo distante, alegre, brincando sozinha,

Roupinha rota, remendada, baixinha, descalça bem magrinha

Pula como uma cabritinha, alegre, faceira estava bem feliz

Rostinho sardento, olhos azuis, boca pequena, um sujo nariz

A praça deserta, porque já estava entrando rápida no entardecer

Eu estava pensando em sair dali, sem imaginar o que ia acontecer

Vi repentinamente, a menina abrindo os braços e no chão se atirou

Pensei comigo, que coisa esta menina, parece até que endoidou

Não dei importancia, e fiquei ainda no banco, quando escuto uma fala

Vejo alguém que se aproxima da menina, carregando uma pequena mala

Escuto então um grito, ajuda aqui, chama alguém, meu Deus socorro

Dei um pulo do banco, assustado e rapidamente para la eu corro

Em la chegando parei estático, ofegante, a menina tinha as costa ferida

Então reparei, era infelizmente, mais uma vitima das tais balas perdida

Fazer o que nesta hora, somos impotente, só via no chão o corpinho inocente

Liguem para a policia, chame o resgate, ouvia isto por parte de gente

Que já se aclomerava, como se isto resolvesse o problema daquela menina

Que ninguém sabia quem era, de onde vinha, aquela criatura pobrezinha

Foi ai que um moleque, de olhar assustado, falou a chorar é a filha da Maria

Aquela prostituta, que mora num barraco, perto da casa grande de alvenaria

Fiquei ali, imaginando, quem teria dado tal tiro, de forma louca, que causou este mal

Seria a policia, em duelo, ou seria briga por ponto de droga de algum marginal

Como se isto importasse, de onde veio ou quem deu o tal tiro, que a menina matou

Só sei que aquele corpinho, com os braços abertos em forma, de cruz, ali se acabou

E quem sabe até quem atirou esteja contente, com o tiro dado, em algum barraco

E agora até já esteja em algum buteco, bebendo cachaça, comendo churrasco

E amanhã no jornal, a noticia sera dada, como se fosse um fato tão banal

É apenas mais uma criança pobre, quem se importa afinal, não é filha de general

É apenas a filha de uma das muitas Marias, uma prostituta, que vive da triste labuta

Talvez nem o jornal de noticia, porque ela era simplesmente uma pequena F.D.P....

Mais tenho certeza, esta menina que aqui morreu, de braços abertos em forma de cruz

Sera mais um anjo recebido la no céu com todas as pompas, por nosso Pai Jesus

Porque Ele não distingue se é f.d.p., que ali chegou, sabe que é mais uma linda flor

Porque para Nosso Pai Eterno, todas que ali chegam, são frutos divinos, frutos do amor

Principe dos poemas e do amor
Enviado por Principe dos poemas e do amor em 15/05/2007
Reeditado em 16/05/2007
Código do texto: T487490
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