Secura vem dizer adeus

Vinde a mim gado minguado,

Ressecada, a rês sem cauda.

Esse couro que secou-se

Isto é secura, e vê se cura...

Esse couro que se come

Ou some homem de fome,

Com mágoa desta falta d'água

E da aridez de nenhuma lágrima.

A atenção constante é a maior causa

De uma tensão causticante e sem pausa

Que marcou a ferro vincos na minha alma.

Só sinto que teci este sucinto lamento

Por ser tão seco, o meu ser tão sedento,

De um sertão inteiro ardendo dentro do peito,

Pelo deserto que de certo foi o meu companheiro,

E que hoje deixo seguindo o canto que lancei ao vento.

Secura venha me dizer adeus, porque eu estou deixando você

Ricardo Selva
Enviado por Ricardo Selva em 14/08/2014
Reeditado em 22/08/2015
Código do texto: T4921770
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