Morte de um pequeno anjo

Inspirado na música “Hello”, da banda Evanescence

Novamente aqui você se encontra

Só, entre as árvores desfolhadas

Amedrontada, ante a chuva congelada

Lembra-se do que lhe aconteceu?

Lembra-se desse parque, palco de tantas diversões?

Recorda-se das árvores sob as quais você morreu?

O tempo não passou

Vê? Lá está você, inerte

Nos teus olhos sem vida reverberam os ecos da efemeridade

Presas em teus lábios ficaram palavras que ainda seriam ditas

Não te disseram que já não respiravas?

Que em teu peito foram ceifadas

As quimeras futuras?

Jaz contigo, imóvel em tua mão, o brinquedo de que tanto gostavas

Símbolo de tua inocência

O estandarte da pureza de que foi subtraído o mundo insanamente...

Criança, não chores

Nada mais há que possa ser retificado

Diante dessa crueldade

Mil vezes quiseras tu que fosse um pesadelo

Porém, infelizmente não estás sonhando...

Entre folhas e névoa

Entre o céu fechado e a terra

Corre o sangue ainda vívido

Contrastando com o entorpecido dia

Cujo tom lúgubre torna lívido...

Há outra ironia porém:

O sangue que corre além

Rubro – significando vida

Brota da morte desse pequeno anjo

Fugindo da ferida que o matou...

Não chores, não estás só

O corpo que olhas já não és mais tu

Vim buscar tua alma

Por isso estou aqui

- Peço-te que tenha calma

Virás comigo para o alto...

Para o céu que te chora embebido em luto

Enquanto aquela última folha cai,

Enquanto a última gota de sangue se esvai...

Ana Pismel
Enviado por Ana Pismel em 19/05/2007
Código do texto: T493489