POEMA TRISTE COMO UM CÃO SEM DONO

Deixo-me ao relento,

desamparado,

de olhar parado,

corpo mole ao vento.

Hoje não tenho ninguém.

Hoje não tenho dinheiro,

nem retorno,

nem calor, nem frio:

estou morno,

como um recém-morto.

Espero misericórdia

das mãos do rei magro.

Mas como mãos tão cruentas,

terão a doçura do afago?

Espero um olhar

em minha direção

para gritar esta angústia,

em que ecoa a solidão.

Wanda Maia
Enviado por Wanda Maia em 28/05/2007
Código do texto: T504026