Miséria
O lixo que recolhes com teu cavalo esquálido vai aos porcos
as migalhas, os milhos, as vísceras, os restos
o resto do resto dos porcos volta à ti
que me olhas desnuda com dentes podres e o ventre encoberto de dor.
Os teus sete filhos choram de fome, de vermes
choram de sonhos que nunca tiveram
choram de miséria.
O teu marido bebe e bebe e bebe
o teu marido fuma e fede
o teu marido enfeitiçado goza mudo sobre teu corpo nu
goza da tua vida que já nasceu morta
o teu marido goza e goza e goza.
Neste mundo, cara amiga, estás sozinha
só você que não vê
só você que não chora.