Ainda há tempo para despertar

A chicungunha, parente próxima da dengue,

não é transmitida por mosquito algum

e sim pela nossa irresponsabilidade,

diante da nossa impossibilidade

de cumprir princípios básicos,

pois os animais já são protegidos

naquela parte do planeta,

enquanto que, os seres humanos ainda não.

Oswaldo Cruz, inspirado, combateu epidemias,

Jesus curou várias chagas,

isso quando o amor ainda impedia pragas,

mas desde que ele também foi infectado,

os pobres coitados que dependem da água do poço,

já contaminada pela proximidade com o esgoto,

esgotaram suas esperanças de um mundo melhor.

É impossível e desumano

isolar o continente africano,

mas é possível nos aproximarmos do que sonhamos,

mesmo que outros e melhores,

não tenham ainda conseguido.

É preciso descer do salão nobre

e conviver com os que habitam palafitas,

malditas cabanas, tendo barbeiros como companheiros

ou sobre papelões, à beira dos bueiros,

às margens do tietê.

Mas é preciso descer para ver

e necessário ver para crer,

que isso não é somente para admirar o luar.

A céu aberto corre o valão,

onde os urubus se divertem

onde um dia houve peixe.

Mas deixe, ainda há tempo para despertar.