O CACHEMIR DO ADEUS.

Morri ao nascer,

Respirando fundo o último ar de alegria.

Esvaziei a alma junto com a dose do findado martini.

No devaneio de meu óbito

Presenciei a felicidade de perder a vida.

Contentei-me e entreguei-me a tal mirabolante ideia...

Preparei um jantar, magnífico e esplendoroso jantar,

Que daria-me como convite aberto a valsa mortífera.

Minha acompanhante?

Vestindo sua túnica negra, com os olhos vibrados em mim

E sua linda boca babando um sangue escorrido por vermes, ela

A maravilhosa morte.

O cardápio tão chamativo quanto o presente que me fora dado

Por anfitrião da morte ser (um buque de lindas adagas cortantes),

Teremos banhado ao tédio, um belo prato de chumbo, misturado a tipica

Dose de químicos sabiamente combinados para borbulhar-me pela boca

O Apetite de morrer.

Beberemos em cálices propositalmente quebrados, lindos,

As melhores misturas de veneno.

Por fim, ouviremos belas músicas e por ser noite sentirei frio.

Sorte ter precavido-me e preparado um cachecol prendido ao teto,

Chamado por meu alfaiate de "corda", mas quando prendido ao meu pescoço

(Numa combinação perfeita com o tom roxo avermelhado de meus hematomas

Banhados a sangue) prefiro chamar-lhe de...

O Cachimir do Adeus.

Diogo Acrizio
Enviado por Diogo Acrizio em 06/01/2015
Reeditado em 21/05/2018
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