Passa-dor
Vivi como errante passador.
Migrei por fronteiras sem fim
Com uma mão na frente e outra atrás.
Buscando um pedaço de mim.
De pés descalços, desencaminhei
o fluir dos ventos.
Em meu favor, mudei a estação das chuvas.
Na linha do trem, parei...
Joguei nos vales minhas luvas.
Tapei o vazio com areia vermelha.
Com pedra de margem de cerca
de arame farpado, prensei.
Na latência do sucumbir,
molhei com água de cachoeira...
essa dor que não passa!