SEPARAÇÃO

Um olhar delicado

em um rosto sofrido.

Dos lábios serenos,

um sorriso sem fim,

um abraço apertado

aconchego enfim.

Uma fala tão calma

que saia da alma,

Uma doce canção

vinda do coração.

Nos seus braços a embalar,

um corpo pequeno fazia ninar.

O tempo passou

A criança cresceu.

A mente não cansou

Mas o corpo envelheceu.

A mãe batalhou

E a criança viveu.

Em suave melodia

ambas viviam.

Sem medo da vida

as almas queridas

viveram seus dias

como se últimos fossem.

Sem saber no entanto

que a vida o seu canto

um dia calaria.

Pois o Anjo da Morte

ao seu encontro viria,

Com firme propósito

de sua alma levar

Sem dó nem piedade,

as duas ele iria

por fim separar.

Uma iria,

porem outra ficaria.

E assim

a escolha foi feita.

Uma então partiu,

mas aquela que ficou,

seu sorriso não mais se viu.

Uma era o céu

e a outra o chão.

Uma os pés,

a outra as mãos.

Uma o sentimento,

a outra, razão.

Uma, a dúvida

a outra o perdão.

Uma o corpo,

a outra, coração.

Uma a fala,

a outra, canção.

A que partiu,

logo brilhou.

A que ficou,

para sempre

se apagou.