Se correr o bicho pega e se ficar...
Pelo que ele viu ontem e me contou,
tenho um enorme temor
pelo que pode me (ou nos) acontecer:
os critérios de escolha
para quem deve morrer.
Se isso na penitenciária nos toca,
imaginem quando Ignêz for morta
e trancar a porta para que a esperança
não possa entrar.
Sair ela não sai, pois não estava lá
na hora da triste triagem.
Deixem que morra o sexagenário
para vagar o leito.
Que morra a criança no peito
porque essa ainda nada produz.
A cruz e o calvário,
a pedra e o cascalho
e a desistência pela assistência
que nunca veio e nem nunca virá.
Tentou vir de avião
mas os aeroportos estavam interditados.
Pegou um ônibus,
mas o trânsito estava travado.
Mandou uma carta,
mas os correios, sob investigação,
tinha outras prioridades
e na verdade, nunca a entregou.
Investigar o que está errado
ou procurar fazer o certo?
Demolir e reconstruir,
pois nossa casa está cheia de infiltração,
também nas escolas, nos hospitais,
idem em várias instituições,
filantrópicas ou não.
Só a educação pode nos salvar,
mas pasmem, pois ela também desistiu de estudar.