IDA

Em meio às chamas

ao fogo ardente

e aos prantos de desgraçados

surgiu Ida

e seu corpo flamejante.

Apesar do ranger de dentes

ergueu a mão

estranhamente tranquila

por entre a fumaça raivosa

e segurou um homem:

pediu-lhe que dissesse

à sua mãe

que ela sobrevivera

à tragédia.

O edifício queimava

corpos caíam

medo subia aos ares.

A dor e os gritos

eram noticiados

em todos os rádios da cidade.

Na manhã seguinte

quando tudo eram só cinzas

lágrimas já secas

e ruínas

descobriu-se que Ida

apesar de ser Pássaro

não conseguira voar

para longe

do fim.

E virou história

com tantos outros

p

á

s

s

a

r

o

s.

(Em homenagem a Ida Pássaro e a todas as outras vítimas da triste tragédia do Edifício Joelma, em 1974).

Dona Iaiá
Enviado por Dona Iaiá em 24/03/2015
Reeditado em 24/03/2015
Código do texto: T5180944
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