CONVULSÃO
Vivo nutrindo sonhos,
porque os ossos desfalecem,
o sangue engrossa.
I
Quando meus ouvidos
não puderam mais ouvir
a voz da natureza,
saberei que estou surdo...
definitivamente surdo,
definhando e soltando as rédeas.
II
O odor fétido e defectível do asfalto
me embriaga, deixa-me cambaleante.
Se eu tivesse a crença dos anjos,
voarei para bem longe.
III
Eu sei que o inferno fechou as portas
para mim.
Até o mal me preteriu.
O bem haverá de me engoli,
ele não tem saída,
IV
O refugo da humanidade,
um dia terá de ser reciclado.
Talvez eu esteja embrulhado
num lençól sujo de sangue,
no meu quarto, gozando a despedida
e me desvencilhando do sr. instinto.