Pontos nos is


Deixe-me, estar, ficar, permanecer
Estou nas cinzas se não percebeu
Desolada nas falésias sem litorais
Jurando orações de estar solitária

Você não sabe, ou nunca soube...
Sou a dama da chama que brilha
O luzeiro que tenho não é estrela
Apagada talvez por ser esquecida

Fico e ficarei, à sós, uma apagada
Sem braseiro a aquecer meu fardo
A vela de uma undécima solidão...
Na sétima hora de meu desespero

Só amei o que desarmei, redimida
Alma que fraqueja sem galanteios
Na espera de alguém sem fortuna
E calada quando o vento silencia...

Não pude pingar os is das palavras
Não pude resgatar um verbo fugaz
Não pude ser a poetisa na sombra
E não fui a santa que só é mágoas

E te quis distanciada, para sempre 
Lamentando exércitos de sentidos!
Caída ao chão, ajoelhada, cismada
Em minhas mãos outras esperanças

Choro. Suspiro. Arruino este desejo
Em minha caverna arrumada, rude
O que fica é móveis, sonhos castos
Tudo em júbilo em plenos pesadelos

Só, solitária e erma. Tudo conjuntar
Semblante no esperar por terceiros
Face cansada, e dedos enregelados
Uma palavra nos lábios derradeiros

Não faz sentido. E eu só reconheço.
Estarei, deixei e permaneci perdida
Se vier de longe não me conhecerá
E afinal sempre fui a desesperada...

Agora escrevo, dito mil recordações
As frases augustas de incolor censor
As rezas de outrora num pleno papel
E minhas falas em sílabas incomuns

Um dia terei a esperaça mais menina
Mais de mim mesma que requer amor
Tudo por querer felicidade não vinda
E, por fim, recito minha voz em poesia!


 
Jurubiara Zeloso Amado
Enviado por Jurubiara Zeloso Amado em 18/05/2015
Reeditado em 18/05/2015
Código do texto: T5245904
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