Retirante

Cabaça, corda, cabresto.

Coloco tudo no cesto

No cofo carrego a ilusão

Fugindo da fome

Da seca

Que assola o sertão

Seguindo por um carreiro

Sem ter um paradeiro

E nem uma solução

Vou passando e vou vendo

Os bichos tudo morrendo

É triste a situação

Os velhos cambaleando

E os meninos chorando

Cansados de caminhar

Com sede e com fome

Implorando

Papai! Vamos parar

Eles inocentes não sabem

Quanto tempo a viajem

Ainda pode durar

E o pior é ter a certeza

Quem não resistir a fraqueza

A morte vem lhe encontrar

Quantas famílias um dia

A sua terra deixou

Seguiram sem destino

E nunca mais voltou

Algumas tiveram sorte

Outra, pelo caminho ficou.

Ninguém sabe o destino

Que Deus nos reservou

Uns nasce com sorte

Chega até a doutor

E aquele que fica na roça

Pra sempre, vai ser agricultor.

José Paraguassú
Enviado por José Paraguassú em 05/06/2015
Reeditado em 17/03/2016
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