Bolo e guaraná
As mãos já não comportam os dias,
Como a alegria não dilui a amargura
Refletida em meus olhos à luz escura
Dos sepulcros adornados de agonia:
Cada sonho um cadáver, uma cova,
Ironia, é cada trova uma sepultura!
O verso já soa como lápide futura
À esperança moribunda que renova!
A lágrima refaz a curva triste da face,
Ouve-se no cemitério o velho hino,
Ressoam meus assombros de menino
Quais não houve tempo que calasse:
A tal “mão de Deus” - canção dorida -
Certa feita pro velho pai entoei,
Ironia, compreender, em tantas tentei
O que era realmente o “mar da vida”;
Celebrar a vitória tênue de estar vivo?!
Contemplando tantos amores que jazem?!
Tristes esses dias ilusórios que se fazem
Alarido de sorrisos que me esquivo.