Só um gole

Meu amor é árvore

plantada na calçada

de cimento;

de esquecimento;

na esquina da cidade magoada.

Ninguém sente o seu lamento

ao ouvir a enxurrada,

água que, desperdiçada, fica

a escorrer pelo dia quente

e passa perto de sua raiz quadrada;

e as folhas, quase secas de sede,

suplicam em vão só um gole na sarjeta

enquanto purificam

o ar de todo um planeta.