Alquimia

Ouço o eco das falas que não são,

Pois, realidade macerou promessas,

Segue ecoando, como dizer que não?

O carro da ilusão espalhou suas peças,

Que não fazem sentido, assim, dispersas,

Qual trigo perdido, que não virou pão...

Pior, a impotência, deixar como está,

Mesmo desejando cambiar a cada,

A terra endurecida resistindo à pá,

Quiçá ela se perdeu na busca errada,

Pureza de consciência não dá nada,

Além da paz que a consciência boa, dá...

É que a vida não fecha como as exatas,

Concorre o imponderável nesse jogo;

Saem cada monstrengos de suas matas,

A soarem uns berrantes demagogos;

Nos vemos dispostos a pôr a mão no fogo,

E no fim colocamos nossas quatro patas...

Sim, a sina deforma até mesmo os pés,

Na estultice assumida do asno sincero;

Que engole vulnerado o duro revés,

O que sei capitula ante ao que quero;

Mesmo tudo indicando que vale zero,

Ilusão anexa o um, e faz parecer dez...

Contornada a curva logo “vemos” a reta,

Digo, serra bravia e supomos via mansa;

Ateísmo besta que duvida até da seta,

Que diz, Ubatuba, nós lemos Bragança;

Alquimia insana dessa alma de poeta,

Que bebe desenganos, e mija esperança...