A dor de um sertanejo
Sei que não vou voltar
Pra rever o meu sertão
Aqui vivo humilhado
Devendo ao patrão
A divida nunca acaba
É uma escravidão
Lembro-me do meu pé de serra
De quando ouvia o trovão
A terra já preparada
Esperando a chuva no chão
Para plantar as sementes
E o alimento brotar do chão
Lá eu tinha amigos
Parecia até irmãos
Mesmo sem ter dinheiro
Tínhamos diversão
Festejam-se os santos
Com novena e leilão
Depois tem o forro
Com o povo da região
E no mês de junho
No dia de São João
Com suas comidas típicas
Fogueira e balão
E eu aqui lembrando
Com saudade do meu torrão
Me da uma dor no peito
E as lágrimas caem no chão
É triste um sertanejo
Honrado e trabalhador
Trabalha a vida inteira
E ainda não tem valor
Não poder nem voltar
Para o lugar que se criou
Vivendo aqui sozinho
Distante do meu amor
Sem o carinho dos filhos
É triste e muita dor
Espero quando eu morrer
E essa dor acabar
Que Deus no outro mundo
Me de um bom lugar