VENDREDI, 13

Vejo-te, sem graça, arrancar

um fio de cabelo indesejado.

Da janela do quarto assisto

um homem correr do sábado.

Um ônibus passa bem devagar

apinhado de histórias e sinas.

Acena-me, como mão náufraga,

envolto em pálido ladrilho

branco, um espelho enlutado.

Daí não ver o que meu rosto

traduz nesta manhã infértil,

em que a poesia das ruas,

dissolvida em noticias cruentas,

envergonhou-se do meu olhar.

14.11.15

Sítio de Poesia

alfredorossetti.com