Assim do Nada

Do nada teus olhos solares despencaram em um ocaso eterno,

De teu coração tão cheio de vida ressoou um silêncio abismal.

Assim do nada, a tua partida repentina é o nosso prosaico inferno

Em que as rosas da esperança só sangram tua ausência descomunal.

Do nada teu riso de criança semeou uma saudade em forma de ferida,

De teus passos, de tuas palavras nos restaram aflições e prantos.

Do nada, a sala, a mesa, o nosso mundo descrê de tua perpétua saída,

E o vale de nossa fé é um cemitério de alegrias e de efêmeros santos.

Assim do nada, muito além de todo nada do espírito ou material,

Teus filhos, tua dedicação, lutas, lágrimas, tua vida é o nosso legado

Em que encontramos alento e consolo onde tudo é tristeza colossal.

Onde tudo é pó, é esquecimento, é um esquife tão jovem e tão amado;

Assim do nada, toda a bonança familiar é um mar de escassez brutal,

E de teu olhar sepultado lacrimeja dilúvios de destinos desnorteados.

GILLIARD ALVES RODRIGUES

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 30/11/2015
Reeditado em 09/03/2016
Código do texto: T5465200
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