Assim do Nada
Do nada teus olhos solares despencaram em um ocaso eterno,
De teu coração tão cheio de vida ressoou um silêncio abismal.
Assim do nada, a tua partida repentina é o nosso prosaico inferno
Em que as rosas da esperança só sangram tua ausência descomunal.
Do nada teu riso de criança semeou uma saudade em forma de ferida,
De teus passos, de tuas palavras nos restaram aflições e prantos.
Do nada, a sala, a mesa, o nosso mundo descrê de tua perpétua saída,
E o vale de nossa fé é um cemitério de alegrias e de efêmeros santos.
Assim do nada, muito além de todo nada do espírito ou material,
Teus filhos, tua dedicação, lutas, lágrimas, tua vida é o nosso legado
Em que encontramos alento e consolo onde tudo é tristeza colossal.
Onde tudo é pó, é esquecimento, é um esquife tão jovem e tão amado;
Assim do nada, toda a bonança familiar é um mar de escassez brutal,
E de teu olhar sepultado lacrimeja dilúvios de destinos desnorteados.
GILLIARD ALVES RODRIGUES