Nevermore

As paredes que se fecham

Ao redor da existência

Com quadros de pesares

Que clamam em uníssono

"Esqueça o ontem"

Mas são quadros de séculos

Passados e vívidos

Antropofágicos

Se alimentam de suas tintas desbotadas

Tortos, acomodados nas paredes

Absorvem as teias

As telas

As veias

Os ponteiros

Os relógios

O pó

E em uníssono clamam

"Esqueça o ontem"

Mal resolvidos em estética

Entre o moderno e o barroco

Mal definidos por definição

Confundem com seus horizontes infinitos

Disfarçando as paredes de pedra pesada.

Imóveis

Indóceis

Indigestas.

Com suas vozes de razão iluminada

Com sua história remontada

Que vem de antes das eras

"Esqueça, que o ontem não espera"

Fracos de memórias recentes

Com grilhões revestidos de compaixão

Pobres quadros

Sentem pena, sentem pena

Ou devoção?

Mal resolvidos e sábios

Enfeitam e enfeiam as paredes

Pesadas de pedra

Vão se fechando

Em uníssono clamando

"Esqueça o ontem"

Sem pés no chão

Agarrados no tempo

Nas paredes

Nas tintas

Remoendo as eras

Mal resolvendo a vida

"Esqueça o ontem!"

"Esqueça o ontem!"

Não!

Eliézer Santos
Enviado por Eliézer Santos em 26/12/2015
Reeditado em 26/12/2015
Código do texto: T5491523
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