Nevermore
As paredes que se fecham
Ao redor da existência
Com quadros de pesares
Que clamam em uníssono
"Esqueça o ontem"
Mas são quadros de séculos
Passados e vívidos
Antropofágicos
Se alimentam de suas tintas desbotadas
Tortos, acomodados nas paredes
Absorvem as teias
As telas
As veias
Os ponteiros
Os relógios
O pó
E em uníssono clamam
"Esqueça o ontem"
Mal resolvidos em estética
Entre o moderno e o barroco
Mal definidos por definição
Confundem com seus horizontes infinitos
Disfarçando as paredes de pedra pesada.
Imóveis
Indóceis
Indigestas.
Com suas vozes de razão iluminada
Com sua história remontada
Que vem de antes das eras
"Esqueça, que o ontem não espera"
Fracos de memórias recentes
Com grilhões revestidos de compaixão
Pobres quadros
Sentem pena, sentem pena
Ou devoção?
Mal resolvidos e sábios
Enfeitam e enfeiam as paredes
Pesadas de pedra
Vão se fechando
Em uníssono clamando
"Esqueça o ontem"
Sem pés no chão
Agarrados no tempo
Nas paredes
Nas tintas
Remoendo as eras
Mal resolvendo a vida
"Esqueça o ontem!"
"Esqueça o ontem!"
Não!