Transmutação

Tranco-me a voz

dentro de um quarto

cerrado a chave

na companhia de culpa,

fraquezas e alguma vaidade.

Quanto os protejo ou me puno

privando-nos o contato?

Nenhum ou ambos...

Mas à sós, de certo

não sou incomodo nem veneno.

Talvez apenas um auto imposto flagelo.

Envergonhada confesso

já fui candidata à perfeição,

abandonei a algum tempo

essa impossível e demasiado

ingênua pretensão.

Necessito dar-me o direito à compaixão

único unguento capaz de cicatrizar feridas

e expiar a culpa que assola-me

oriunda de tão mordaz impiedade.

Essa é a missão laboriosa

do ser imperfeito em evolução:

transmutar crueldade em misericórdia!

Jady Tariane
Enviado por Jady Tariane em 29/12/2015
Reeditado em 04/02/2016
Código do texto: T5494287
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