Dor que assola o coração

Quando a dor vem assolar meu coração,

Refugio-me nas estrofes, como forma de evasão.

E, desnudo, do meu mundo, sentimentos mais profundos,

Embaralhados, difusos, com a ânsia de unificação.

Adjetivo alguns pros lados, meio tortos, meio amargos...

Alguns deles, encaixoto, destinando-os a longa hibernação.

Talvez, com a esperança que se envolvam num processo de maturação.

Outros de tão delicados, subitamente amparo em minhas mãos.

E, aos poucos, ao diluir-se quase em forma de canção,

Vou envelopando o restante com intento de resignação.

Pois, as dores sinalizam contextos, por hora, sem nenhuma explicação,

A roda da vida, que seguimos conscientes de sua mutação.

E, quando as estrofes registram, um pouco dessa inquietação,

Retorno ao doce alento, nas plumas da obtemperação.

Reencontrando algum alento, em minha doce solidão,

Olho para o firmamento e me entrego, corpo e alma, em oração.