Inepto

Tranco a porta do quarto

Quero sentir-me sozinho

Quero sentir a dor

Não dourar a pílula

Não temer o dessabor

Feito o nada, obscuro e rutilante

Fracasso do medo no inepto

Como no repente de ira

Como adiantar a tosse?

Como não sentir fadiga?

Vida move os olhos

Vida fere a vida

Falta poucos dias

Quero galopar distante

Quero beber um vinho

Lúgubres amantes

Chorar amores esquecidos

Acontece que esquecer

Nunca foi sentido

Se eu não for tudo aquilo

Se eu não for o escolhido

Não minto, todo somos alvos

Das expectativas de alguém

Tenho minhas vontades segredadas,

afundaram-se todas

Sozinhas num barco na costa

Nem mais sei o que quero

Tenho medo, medo do vazio

De tão pouco que sou

Não posso perder-me

Sou tudo que tenho

Incógnito, meu peito

De incoerência

Victor Leonardo
Enviado por Victor Leonardo em 13/01/2016
Código do texto: T5510079
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.