Fracassada

Há tanta dor

As palavras se esvaem

Ouvi gemidos

Gritos de misericórdia

Ecoam em mim

-Salve-me! Salve-me!

Mal sabia ele

Que nem a mim salvei

Que em minhas entranhas

Está a mais profunda tristeza

Que chora trancada em seu quarto

Que chora com vinhos doces

Que chora por seu fracasso

Que se lamenta pelo passado

E seu presente infeliz...

Como ela é triste

E ninguém sabe

Ninguém diz

Porque ela se maquia

Pinta sua boca carmim

Arruma os cabelos

Se veste como santa

Adornada

Seus olhos negros não mentem

Mórbidos olhos

De quem só queria salvar

Aquele que mais amou

A protegeu da vida

A vida que não quer mais viver

Não consigo mais...

Assim resto

Em minha tumba

Escrevendo para não morrer.

Madame F
Enviado por Madame F em 05/04/2016
Reeditado em 11/04/2016
Código do texto: T5596257
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