Por falar em dor, eis me aqui!

Possuo todas as dores do mundo,

A dor da perda, da desilusão,

Da angústia e da decepção...

Em meu peito calejado, jaz,

Os infortúnios da traição,

Uma carga que me destrói,

Sou vítima de tua paixão...

Perdi a docilidade dos beijos,

O brilho do olhar, e se fez,

Meu desejo findar em lágrimas.

Que por agora derramo, sob o fel,

De suas palavras ferinas,

Embebi o cálice promíscuo,

Tornei-me suicida de alto risco.

Fiz ser amante da morte,

Por ela adornei letras prateadas,

Deixando falir o ser que sou.

Não hei de culpar a ti, paixão,

Porque sou eleitor fiel de seu amor,

Sou colecionador de dor,

Minhas escolhas, meu veneno, meu fel...

Sou eu o eco das dores do mundo,

Sou poeta, amante e imundo,

Assumidamente, juiz e réu.

Condenei-me a solidão dos dias,

A castidade de sentidos,

Findarei minhas próprias letras,

Por inocência minha, sou dor, sou dor...