Tamanho sem medida
E ela deixou-me sem despedida,
sem bênção, sem olhar, sem permissão.
Deslizou da vida, como quem deixa
voar uma flor dente de leão:
leve, solta, desaparecendo sem olhar para trás.
E ela nem viu minhas lágrimas,
ainda bem, pois não sofreu com isso,
ao menos com isso.
Sempre quieta, comedida,
se sofreu, não demonstrou,
pois deixava o gosto pela vida
nascer nos quitutes deliciosos que
se faziam vivos de suas mãos
para aprovação do nosso paladar:
assim era o seu amor, quase sem toques,
sem palavras, sem canções.
Ainda ouço suas palavras, seus conselhos,
sua inteligência na exigência de que nós
estudássemos e fôssemos seres produtivos,
leais, desbravadores de nossos caminhos.
Hoje estou aqui para dizer do orgulho
que sinto de ser sua filha.