Tamanho sem medida

E ela deixou-me sem despedida,

sem bênção, sem olhar, sem permissão.

Deslizou da vida, como quem deixa

voar uma flor dente de leão:

leve, solta, desaparecendo sem olhar para trás.

E ela nem viu minhas lágrimas,

ainda bem, pois não sofreu com isso,

ao menos com isso.

Sempre quieta, comedida,

se sofreu, não demonstrou,

pois deixava o gosto pela vida

nascer nos quitutes deliciosos que

se faziam vivos de suas mãos

para aprovação do nosso paladar:

assim era o seu amor, quase sem toques,

sem palavras, sem canções.

Ainda ouço suas palavras, seus conselhos,

sua inteligência na exigência de que nós

estudássemos e fôssemos seres produtivos,

leais, desbravadores de nossos caminhos.

Hoje estou aqui para dizer do orgulho

que sinto de ser sua filha.

Elaine Poeta
Enviado por Elaine Poeta em 05/05/2016
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