Luas de Agosto

A adaga crua que no meu peito esfria

Lembrança da meninice mais inocente

Um oceano de dolos me traz a mente

Despertando o pus em leda melodia.

Contemplo o mundano império do riso

E o cruel gume reverbera espessa morte,

O hino da dor sangra ,vinho forte,

Leva ao desalento o desespero conciso.

Luas de Agosto,veladas agonias,

Ferida inexata desaguado amarga

O espectro poderoso desta magua

Ferindo a gula de errantes ardentias.

Quando vier doce o frenesi de Maio

Serei o castiçal estéril do gozo

Desaguando ao léu vertiginoso

De pomba pura no lírico desmaio.

E à leda musa, rasgando os sentidos

Direi:Não resta em meu juvenil vergel

Da crina emotiva do corcel primaveril

Senão a lerda chaga a desaguar granizos.

Se queres alasões pra transcender em risos

A longa esfera da espera de Abril

Só te posso dar, no umbigo de meu redil

O triste gume dos prantos comovidos.