Meu coração é assim.
Este coração que responde ao canto,
só de desencanto viveu e viverá...
Não haverá paz, porque a guerra é eterna,
como eterna é a lamúria d'alma...
Sem calma, sem repente,
sem vida, sem esperança,
tendo na descrença sua desavença,
tendo no abandono o seu eterno sono...
Viveu e viverá, assim,
pensando que seu penar tem fim...
Que as verdades suplantam a dor,
mas quando se chora por amor,
nenhum lenitivo consegue consolar...
Picardia ou felicidade,
assim conhecerá...
Quem quer este coração?
Com certeza ninguém não...
Só cabe nele ferida,
já sem resquícios de vida,
é um morto que caminha...
Segue pela trilha sem bengala,
mas de sua pele exala
o triste cheiro de flores mortas...
Escaldante calor de uma noite eterna,
em que todas as primaveras
pensavam para sempre florir...
No entanto, apenas, a dor foi sua confidente
e tudo o que ele sente
é a mágoa transparente
de sonhar com o amor...
Quem aceitaria este coração?
Em qual leilão seria coroado?
Apenas, no cerrado e na campa fria
poderá ele sonhar com sua alegria,
pois de nada mais vale,
nem mesmo para mera companhia!
(às 16:40 hs do dia 16/07/2007)