Mar Morto

Quando tudo era simples

Nasci um veio d’água

Aprendi, cresci com limites

Mas na busca de espaços

Tornei-me pequeno riacho

As manhãs chegaram simples

Com o cheiro do algo novo

Que procura até encontrar

Rompendo pelas terras e florestas

Carregando até que não queria ir

Para ver o mar, para ser o mar

Perdido fiquei na metrópole mar

Já não havia terra e nada para buscar

Afoguei-me, sendo mar

Liberei o meu mal sujando o mar

Perdi o doce no oceano

Mar salgado levou minhas águas

Doces, e sujo fiquei salgado

Um mar morto na noite suja

Antes fosse ainda um rio

Um pequeno riacho

Com o doce da vida que pensei encontrar

Quando chegasse ao mar

Acordei no meio da noite

E me entreguei ao mar

Minhas mãos suavam

Achei que estava morto

Lágrimas brotaram nos meus olhos

Salgados e muito salgados

E pelo caminho do sal

Conservei minhas dores.

Henrique Rodrigues Soares – Canibais Urbanos