Doce Naufrágio
Sustentar a tempestade com as mãos espalmadas,
E meu coração, como uma vaga silenciosa,
Enterrado no meu corpo à deriva
Num mar que embala meu destino.
Que vai por aí minha sombra no Ariel de Shelley,
Sem velas nestas águas pesadas e frias,
Tendo à mão firme um Prometeu Libertado
Do mastro carcomido pelo medo.
Livre! E as nuvens desenham meu sorriso,
Os trovões ecoam minhas gargalhadas,
O meu olhar desafia o céu fechado.
O farol de Deus, como espada a luz atravessando
O corpo negro daquela madrugada,
Leva, à areia quente, o meu sono amortalhado.