Um Copo Sujo

Ele estava lá, sobre a toalha suja, sobre a mesa suja, naquela suja sala, daquele bar sujo onde ele vinculou-se a vida de gole em gole até que se retornasse de dentro o que de dentro veio em agonizantes e irrompidos golfos, daquilo que dar para se expelir aquilo de si o corpo não quer mais.

Cada coisa, pessoas e lugares sempre estão para marcar. Os pés da cadeira que marca o espaço e o tempo, os cabelos que se grisam com o tempo para dizerem da vida vivida, aquela tinta na parede contando um fato, ou aquele copo sujo que até a lembrança ainda faz agonizar.

Agoniza a alma invadida pela luz dos olhos quando esses lhe trazem o papel asqueroso, o retrato do nojo, a infâmia do notório que foi, na certeza de que nunca se esquecerá. E se em sombras repugnantes se fizera o desespero, daquele copo sujo esqueço querendo esquecer teu beijo.