Outro alguém

Há dez horas não sinto meus pés no chão,

o coração parece ter parado de bater,

minha respiração está tão fraca,

meu pulso sem qualquer inspiração,

minha pele tão gelada quanto a neve,

meu olhar parado no teto branco,

tudo o que eu vejo está tão distante,

como se o corpo já não fosse mais meu,

minha alma levita para outra vida,

tateando por novos nomes, novas histórias,

personagens de aventuras outras no porvir,

suplicando novos sentimentos, novos amores,

buscando novos caminhos para recomeçar,

procurando a paz depois de tantas guerras,

tentando não sucumbir aos escombros dos dias,

desejando não sonhar mais nada por agora,

deixando simplesmente a correnteza me levar,

planando como uma pena no vento do destino,

quando tudo perde o sentido só nos resta reiniciar,

aprender a ser outro alguém na areia do tempo,

escrevendo outras poesias no pergaminho da existência,

esperando ter novas chances para contornar velhos erros,

talvez seja tudo o que se precise para seguir em frente...