Poema de Dicionário

Sou apenas um coadjuvante do mundo

Um confidente das estrelas

Cúmplice do amor da aurora e do luar

Esperando minha oportunidade chegar

Não faço alusões

Tão menos tenho ilusões

O tempo é meu algoz

Procaz, não espera por nós

Por ser tão curto e exato

Um quinhão se vê apressado

O fato dele ser tão escasso

Torna-o sublime e abastado

O tempo és um déspota

Não ouve súplicas nem clamores

Assim como aqueles que vão a última refeição

Só nos resta esperar a redenção

Ele não faz parte de nossas vidas

São as vidas que fazem parte dele

Por mais que eu seja dissidente

O tempo se passa indiferente

Os mitos despertam paixão

Também temores e adoração

E tal mito só há de existir

Se o tempo consentir

Tudo começa e por conseguinte chega ao desfecho de tal

Assim como um livro em sua página final

Mas cabe ao tempo a tarefa de seguir adiante

E cabe a nós vivermos cada instante

Eu tenho consciência de que sou mais um capítulo

E que decerto, outro reino é meu destino

Agradecido, aqui eu me contento

Por ser uma página, no livro do tempo