Solidão

Por vezes, não sei o que é mais amargo,

se o fel ou uma implacável solidão.

Ainda que desoladora, não indago por que

me assola, antes mergulho na sua sombra que

fugir de seu embaçado véu.

Talvez a alma simpatize com o obscuro desse

drama, visto que meu ego encontra-se tão bem

aderido às entranhas dessa espessa solidão.

Ora acho-me envolto por este dissabor, mas nunca

me flagela; ora sugo seus respingos que

dulcissimamente me enlevam o espírito.

Ó causa de meu mundo inóspito, suplemento que

por natureza é-me imprescindível,quando aparecerás

para dissipar essa ambigüidade ou paradoxo que

tecem minha vida?

Carlos Gomes de Oliveira Gomes
Enviado por Carlos Gomes de Oliveira Gomes em 14/10/2005
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