Testamento ( dedicado aos órfãos de pai vivo)
Sento-me e penso
Convenço-me
Procuro um argumento
Por que fez você
Este testamento?
Levanto-me e ainda penso
Não há nada
Não inventaram
Um tratamento
Que cure
O ferimento
De ter em seu pensamento
Acreditado
Que em algum momento
Viu-me como uma gananciosa
Quando era apenas
Uma pessoa simplesmente
Despretensiosa
Ainda penso e vago
Ando pelo quarto
Sinto o sangue que aquece a minha face
Mais uma vez sei
Nenhum lenimento existe
Que estanque estas lágrimas
Que aquecem
Queimam os restos
Dos meus sentimentos
Novamente
A pergunta:
Por que agiu assim
Esquecendo de mim
Elaborou o testamento
Afinal,
Em seu confinamento
Pendente sempre esteve
O meu conhecimento
Ou o meu simples
Reconhecimento