Eu cavei a própria terra morta

Todas as manhãs

Eu amava colocas sementes no jardim

Imaginar que alguma flor poderia sair dali

Andava por todos os caminhos

E quando paro, vejo uma rosa me chamando

Ela era pura, com pétalas tão vivas

Que meus olhos ficaram presos

Ela sorria pra mim e nos dizia o quanto

Éramos tão especiais um com o outro

Eu era convidado a conhecer o mundo dela

Minha curiosidade era imensa, gigante

Prometíamos todas as visitas

Mas sempre tinha uma voz que chamava

E eu abandonava-a

Por muito tempo, ela ficava sozinha ali

Esperando-me um dia dar aquele beijo

De bom dia e cultivar todas as noites

E eu sempre a deixava sozinha

Com o verão, ela foi perdendo a cor

A vontade de estar ali

Eu comecei a insistir em estar perto

Eu estava apaixonado por aquela flor

Só queria estar por perto para vivermos

Nem que fosse o nosso último dia

Um dia, esse flor morreu no meu coração

Até ontem, ela estava vinho

Hoje, ficou cinza

Quando fui tocar, os espinhos foram fortes

Machucaram os meus dedos

O sangue corria em minhas mãos

Dentro de mim, eu tinha matado-a

Eu ainda tentei recuperar a última raiz

Que batia na terra

Prometia todo o meu sorriso de volta

Ela já não acreditava mais em mim

Quando voltei para casa

Não existia mais nada

Nem minhas lágrimas limparam a terra

Eu já tinha decretado a morte

Meus olhos castanhos já tinham perdido

Aquelas imagens

No fundo, eu cavei a própria terra morta

Quando a abandonei

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 30/03/2017
Código do texto: T5956496
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