ESPERO QUE O MUNDO ME PERDOE!

Na angústia de ser,

sou

em milimétricos detalhes

imperfeita.

Minha boca é vadia:

fala pecaminosidades,

mastiga veneno,

cospe desilusões,

chupa o sangue derramado.

Meus olhos são sibilinos:

sou esfinge nua

na curva da estrada.

Meu corpo é um templo

corrompido pelo tempo:

portões escancarados,

poeira de séculos

acumulada nos beirais.

Meus pés são galhos secos,

como minhas mãos.

Cometi atrocidades,

projetei abominações.

Tudo, porém, contra

a minha própria alma.

Poderia ter sido grande,

poderia ter sido outra.

Não fui.

Espero que o mundo me perdoe.

Viviane Rolando
Enviado por Viviane Rolando em 07/08/2007
Código do texto: T596639