ESPERO QUE O MUNDO ME PERDOE!
Na angústia de ser,
sou
em milimétricos detalhes
imperfeita.
Minha boca é vadia:
fala pecaminosidades,
mastiga veneno,
cospe desilusões,
chupa o sangue derramado.
Meus olhos são sibilinos:
sou esfinge nua
na curva da estrada.
Meu corpo é um templo
corrompido pelo tempo:
portões escancarados,
poeira de séculos
acumulada nos beirais.
Meus pés são galhos secos,
como minhas mãos.
Cometi atrocidades,
projetei abominações.
Tudo, porém, contra
a minha própria alma.
Poderia ter sido grande,
poderia ter sido outra.
Não fui.
Espero que o mundo me perdoe.