Unção

As coisas sacodem na retina

O pingente cria vida e a enforca

O peito arde, é realidade a dor menina,

Não tem vias, saídas; nada a conforta

Era a outra face do seu eu

Com surpreendentes melenas

Caindo no rosto magro,

remoeu as difíceis decisões das Helenas,

Marias, Sofhias, Madalenas... Sofreu dias a fio

E se foi, partiu

cambaleou no balanço da porta

Desceu a ladeira

espremendo os dedos, e chorou

Saiu matando a luta costumeira

Ao Deus clamou

Não sei se por crença ou por acaso

A lágrima corrente desabou

Nos olhos, na epiderme...

A carne vazia

A cabeça entupida de sal que descia

Ela, então, jurou: nada diria

Nem ao irmão, nem ao cão

Nem às perguntas do padre

Em sua possível extrema-unção

E nem nem aos tolos confrades

Em sua ressurreição

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 11/04/2017
Reeditado em 11/04/2017
Código do texto: T5967673
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